quinta-feira, agosto 28, 2008

Adendo ou Mais para Quase Tudo

Agora te assisto vivendo coisas assim.

Quase todos os dias.

Comigo.

quarta-feira, agosto 27, 2008

Out There in the Chelsea Night

Bruna diz:
Posso te parabenizar?

Manoel diz:
Pelo o que?

Bruna diz:
Por tu ter escrito umas coisas tão lindas.

Bruna diz:
Eu entrei no teu blog esses dias.

Bruna diz:
E li um texto "Quase tudo, quase nada"

Bruna diz:
Que é simplesmente tão lindo, que é simplesmente tanta coisa que eu queria dizer.

Bruna diz:
Eu só queria te parabenizar.

Manoel diz:
Nossa, você é a terceira pessoa que diz isso.

Bruna diz:
Eu senti um negócio

Bruna diz:
É como quando a gente tá fotografando e ajeitando o foco da câmera: tu vai mexendo bem devagar pra conseguir chegar no ponto certo. Quando eu li o texto foi como se eu tivesse encontrado o foco perfeitamente.

Bruna diz:
Não sei como te pôr em outros termos.

Bruna diz:
A parte que eu mais adoro é: Depois de um bom tempo, você ainda está aqui. Cada vez mais sendo parte do jeito como eu vejo a beleza no dia-a-dia, uma cor primária que eu misturo com outras poucas pra decidir o que me emociona ou não, é natural e difícil de desapegar, uma coisa que já existe antes de qualquer filtro.

Manoel diz:
É exatamente isso mesmo que acontece.

Bruna diz:
Eu ia até te mandar um e-mail.

Bruna diz:
porque eu escrevi essa parte do texto no meu quadro.

Bruna diz:
eu tenho um quadro branco que fica na porta do meu quarto, pra escrever aquelas coisas que não dá pra esquecer, e eu escrevi teu texto. porque era, como direi, incentivante, ler isso todo dia.

Manoel diz:
Nossa. Muito bom ouvir isso, Bruna.

Manoel diz:
Eu é que tenho que agradecer.

Bruna diz:
mas é que foi de tanto impacto

Bruna diz:
que eu lia enquanto tomava café

Bruna diz:
é aquela questão do foco.

Bruna diz:
Eu não sei te pôr em outros termos, mesmo.

Manoel diz:
Acho que é transformação. Eu acho.

terça-feira, agosto 26, 2008

Respostas Erradas do Organismo

Não é muito raro acontecer uma série de pesadelos com um problema inevitável. Seis meses depois o problema foi evitado e a distância entre o sono e a realidade fica tão descolada que qualquer julgamento póstumo é no mínimo injusto. Viver o momento não permite perspectiva e só o tempo dá a chance de entender ou inventar uma resposta para o que aconteceu.

Isso mais ou menos.

Como ser exato quando o que existe do outro lado de um ser humano só é uma civilização inteira? Países, forças gravitacionais ou não, bilhões de pessoas fazendo peso no mundo, comprimindo o chão por onde pisam, jogando fora roupas velhas, restos de tudo o que for possível imaginar aí do outro lado desse computador que você usa pra ler isso daqui. Como? Você saca a bolinha de tênis do seu lado da quadra e o jeito que a "vida" ou o "mundo" vão responder, só eles sabem mesmo. O corpo é meio burro e vive tentando antecipar. O meu não consegue muito.

Comecei isso aqui pensando nas reações dele, mas ta difícil levar a sério. A real é que não existe fórmula. Tudo acontece de maneira independente ao aprendizado prévio.

E o corpo só se dá bem trabalhando com isso, aprendizados prévios, ele fica louco tentando responder com sonhos, dores, fome, sono, pensamentos positivos, pensamentos negativos, pressentimentos, premunições, sensações boas, estranhas ou ruins, mas o que vai acontecer ele não sabe. É o lutador de boxe que só saber bater, por isso acaba apanhando.

Eu preciso aprender a ficar calado. A boca é cheia de seus aprendizados prévios. O segredo dessa minha felicidade toda de agora, eu sinto, tem alguma coisa a ver com o silêncio.

Então, por favor, não me escutem muito. Só tenham carinho mesmo, que isso é o que importa. Eu não sou o que eu falo, eu sou o que você puder sentir vindo de mim. Calor, cheiro ou um sentimento bonitinho.

domingo, agosto 24, 2008

O Verde da Consolação

Eles andarão pela Augusta em direção à Paulista do mesmo jeito que atravessam a Rua das Laranjeiras. O frio terá o mesmo sabor que o que faz agora, só que sem vento, sem pressa também, vão olhar o céu e quem sabe até as nuvens estejam bonitas nesse dia, sem o negro da chuva acumulada, os carros paulistanos mais lentos, final de semana.

O caminho feito para encontrar um trago de bebida boa, um cigarro pra cada um, uma música que eles gostam de cantar. Eles trocarão a voz no refrão, por gentileza de ambos.

Ela de vestido que a mãe deu ou que o salário comprou, linda, e ele dizendo qualquer coisa absurda, ou talvez nem tanto, querendo andar mais devagar pra sentir o vento que acaba chegando por ali às seis da tarde. Um sábado.

Começando o expediente da noite daquela cidade enorme, os dois pensando em comprar muita Coca-Cola pra beberem sentados na calçada da Bela Cintra. E depois ter vontade de tomar café com doce na primeira padaria da rua, fumando outro cigarro que ela vai olhar para o maço e não precisar pedir. Eles podem tudo e a medida do possível é a medida do realizável. Se for diferente não faz diferença.

E o verde da Consolação vai parecer como o futuro para os dois. Acontecendo e só. Sem pensar muito.

quinta-feira, agosto 21, 2008

Depois de ter você
pra quê querer saber
que horas são?

Se é noite ou faz calor
se estamos no verão
se o sol virá ou não
ou pra que é que
serve uma canção?

Depois de ter você
poetas para quê?
Os deuses, as dúvidas?
Pra quê amendoeiras pelas ruas?

Para que servem as ruas depois de ter você?

sexta-feira, agosto 15, 2008

Se alguém
já lhe deu a mão
e não pediu mais nada em troca
pense bem, é um dia especial.

segunda-feira, agosto 11, 2008

Quase tudo, Quase nada

É difícil jogar, não saber, não ter certeza, ou pior, não aceitar. O desconhecido existe do outro lado da mesa e eu só queria que você fosse mais simples pra mim, queria te ouvir dizer qualquer coisa fácil sobre nós, mesmo sendo complicado pra você, mesmo parecendo estranho.

Queria que a gente fosse viável.

Eu já escrevi cenas bonitas de nós dois que pareciam impossíveis, e mesmo naquele tempo já queria que não fossem tão impossíveis assim. Agora que a vida muda e reinicia um novo retorno, metrô andando para estação errada, queria que mesmo parecendo não realizável, acontecesse. Nós dois juntos, sabe?

Depois de um bom tempo, você ainda está aqui. Cada vez mais sendo parte do jeito como eu vejo a beleza no dia-a-dia, uma cor primária que eu misturo com outras poucas pra decidir o que me emociona ou não, é natural e difícil de desapegar, uma coisa que já existe antes de qualquer filtro.

Acontece e pronto.

Eu queria ter uma conversa sincera com você, te ouvir falando muito mais que eu, dela talvez brotasse a solução e você teria a liberdade de ser feliz e me fazer feliz do seu jeito. Então rir, ouvir Caetano, fugir pela noite em qualquer felicidade barata, discutir o que já discutimos e o que ainda não, comprar comida e Coca-Cola, beber demais, andar demais, fazer o que se quer fazer seria possível.

Queria te assistir vivendo coisas assim.

Comigo.

domingo, agosto 10, 2008

Um Truffaut Qualquer

- Eu acho que vocês dois fazem sentido juntos, vejo muitas coisas parecidas. São um casal natural.

- Será?

- Eu acho, ninguém parece ter muito a ver com ela, só você.

- Ela também acha isso?

- Não sei.

- Deveria, né?

sábado, agosto 09, 2008

Das Ironias Não Muito Finas

A notícia veio e não desceu muito bem. Ele segue andando e aprende que tudo o que é feito tem sua resposta, proporcional ou não, e quem sabe a reação nem seja tanto na mesma medida, ela volta de algum jeito como força para que algo se transforme.

O rio continua seu caminho e talvez o desvio de curso seja só a mudança dentro da própria mudança que é o movimento em si.

Agora ele tem um desafio, quer descobrir como atravessar para uma margem que ainda não lhe diz respeito. Tudo parece nebuloso quando deveria ser óbvio, mas o que existe de bonito no outro lado move seus passos e acelera todos os batimentos.

Pode até ser necessidade mesmo, só a vontade não costuma resistir a tantas provações.

O sonho não desanima de ser sonho. Talvez nunca.

Talvez.

sexta-feira, agosto 08, 2008

Baisers Volés

- Então você gosta de mim?

- Acho que eu não estaria com frio às cinco da manhã em um bar estranho, barulhento e com luz azulada, se não gostasse de você.

- Esse é o seu jeito de demonstrar que gosta de alguém?

- É, uai.

quarta-feira, agosto 06, 2008

Amarelo 71'

Quando penso que vou me livrar da febre, ela volta, passos lentos e o gosto de ternura que vem da proximidade que já estabelecemos. É um vício confesso meu, e mesmo a ordem dos fatores não alterando os fatos, eu insisto em tentar mudar alguma coisa. O discurso, a forma, o carinho, a oportunidade. Procuro uma brecha na programação que existe contra mim, no medo ou na falta de vontade. Até hoje ainda não encontrei. Mas nenhum coração é infalível.

Sinto que deve existir, os espaços abertos são pequenos, mas se até agora não fui vencido pelo cansaço, a revolução ainda não está de todo perdida. Já são muitas as batalhas sem nenhum sucesso, registradas aqui como momentos bonitos ou não, mas elas só me fortaleceram ou abriram fendas na rocha do outro lado. Às vezes dá pra enxergar a luz que passa pelos pequenos buracos. Outras pessoas também conseguem ver, o que diminui a possibilidade de miragem.

A coragem hoje se renova, mesmo a contragosto de tudo.