quarta-feira, outubro 31, 2007

Último dia de Outubro

Faz calor. Ela é tão doce, mesmo magrinha desse jeito. A gente come frango de padaria em mesa de bar, quindim e café no caixote da feira. Eu bebo uma cachaça depois pra pensar melhor. Cortaram a luz. Contaram outras verdades inconvenientes. Vou viajar, a vida nova não vai. Carolina não decide logo segurar minha mão e seguir pela 28 de setembro.

Ai, que vontade de mudar TUDO. O meio do caminho leva a loucura.

quarta-feira, outubro 24, 2007

As luzes do meu bairro

Antes de sair
não esqueça de trancar a porta
e molhar as plantas
que hoje eu vou chegar
mais tarde em casa

deixei a chave em cima da TV,
café pra esquentar
e aquele incenso que você pediu
eu coloquei no armário
junto da conta de luz
e às duas chega o rádio
que levei pra consertar

o mundo inteiro agora sabe
que fizemos uma escolha

sexta-feira, outubro 19, 2007

Re-começando as mesmas coisas pós Buenos Aires

Ela sorri e (puta-que-pariu) tudo fica um milhão de vezes mais bonito. Sério, desisti de tentar entender e só quero mesmo um beijo, um abraço forte ou uma visita lá em casa pra assistir tv, qualquer coisa que leve esse beleza toda pro meu mundo sujo diariamente.

Hoje ela parecia diferente, sem medo, mais perto do que eu sempre digo, levando a sério a mudança de forma, talvez até aceitando a possibilidade de um "nosso" além do sonho antigo. Cortou o cabelo com um húngaro que não sabia falar espanhol e ainda teve coragem de dizer que ficou feio, que não soube explicar a ele um negócio lá de corte com duas camadas.

Besteira, lindinha; o tal do húngaro sacou mesmo é que a sua nuca merecia andar pelo Rio de Janeiro sem nada. Sem cabelo nenhum pra esconder a vontade que tenho de te levar pra casa. Pra sempre e não te devolver mais lá para aquela cidade no interior.

Que árvore-filho-livro, o quê... agora eu gravo um disco, escrevo um Gávea-Hardcore e amo uma mulher. Com cabelos, nuca, olhos, boca e tudo mais que eu tenho direito.

quarta-feira, outubro 17, 2007

Desculpas

Tá lá no site do jornal EXTRA aqui do Rio:

"Vocalista da banda Perdidos na Selva, Rodrigo Quik se lança em carreira solo com o CD de cinco faixas, que, apesar do título, traz boas canções sobre relacionamentos — caso de “Da primeira vez”, do Ludov, e “Desculpas”, de Manoel Magalhães (clique aqui e ouça)."

Link Original: http://extra.globo.com/lazer/sessaoExtra/post.asp?cod_Post=73801

quinta-feira, outubro 11, 2007

Harmada - Set-list (provisório) do disco

01- Sirenes e Alarmes
02- Luz Fria
03- Besteira Acreditar
04- Moll
05- Londres
06- Bairro Peixoto
07- Faça por mim
08- Lucidez
09- Lua Nova
10- Hospital
11- Nunca foi tarde
12- Sombras por aqui

www.luzesdomeubairro.com

quarta-feira, outubro 10, 2007

Vida-ao-vivo

Tudo vai mudar agora, muito rápido. Eu assino e vou em frente como o Polaco: separando o tijolo do trigo. Vamos viver mais e melhor, eu digo.

quarta-feira, outubro 03, 2007

Mariana bem de perto - Fragmento

“Musical - mudo, obsessonho sem diálogo, haikai com ou sem haikai, repetição de imagem-sonora que não se repete, extra-angulação, estrangulamento em tomadas trans-fixas, dureé (eternidade eternidade eternidade do sonho), psihitchcose: We are such stuff-as dreams are made on.” – Júlio Bressane, 1977.

As gotas finas da chuva fria de Junho lambem os toldos dos bares na Glória e as pessoas se escondem por onde o inverno não aperta tanto. Mariana sobe a Rua Cândido Mendes no início da tarde e fecha o casaco, lembrando de uma canção que provavelmente não diz lá grande coisa, mas ela segue feliz, procurando na calçada um ritmo para os passos e conta no relógio do telefone celular os minutos que ainda faltam para o encontro marcado no número 72.

- Seis minutos. Ela diz mentalmente e começa a retardar sua marcha, tentando não chegar muito cedo e ao mesmo tempo não querendo pensar no que fará lá dentro. Fica em silencio e dessa vez não faz plano algum.

Ela não sabe por qual lugar ele chega, nem como entra no casarão abandonado. Já se cansou de perguntar, e agora enfim, aproveita os vinte minutos que dispõe todas as tardes e não arrisca a possibilidade de contrariá-lo outra vez. Ele é temperamental em seu silêncio e talvez não apareça nunca mais. Mariana imagina, com medo, isso acontecendo todas as noites antes de pegar no sono.

segunda-feira, outubro 01, 2007

Paulo. #2

Em carta a Augusto de Campos, escrita três meses depois da chegada ao Rio, ele mandava notícias dizendo que "Descartes está no trópico", citando Panis et Circenses:

O nome da obra vai ser (quase certo) CATATAU. Estou morando no Solar da Fossa onde morou Caetano. "Mandei plantar folhas de sonho no jardim do Solar". Caetano plantou, Leminski colhe. A minha hora vai chegar, está chegando.

Paulo. #1

Só então Neiva saberia que Paulo era irmão de Pedro, de quem fora colega de escola durante anos, do primário ao ginásio. Ao chegar em casa, nesta mesma noite, Leminski tratou de contar imediatamente a novidade ao irmão:

- Pedro, é com imenso prazer que lhe comunico que estou namorando uma guria da sua turma.

- Verdade? Como é o nome dela?

- Neivair, que vocês chamam de Neiva.

- Sei. Mas ela é feia, Paulo!

- Era!