quarta-feira, abril 22, 2009

esperança

o sonho será mais forte. sempre.

sexta-feira, abril 17, 2009

pequeno buraco

parecer triste não é ser. estar talvez. é ciclo, acontece quando não se espera, a força cai, a noite esfria, a razão cambaleia pelas ruas de uma metáfora que só me lembra curitiba. à noite. na subida de paralelepípedos até a rua sem saída. de casaco. no instante em que o jovem pugilista pensa dominar o veterano, com seus olhos antecipando o golpe, o medo, na verdade a ausência dele, a certeza de que o melhor da vida te escolhe é exatamente o que abre sua guarda para o incerto, contragolpe, de um velho leão que conhece a queda, que é a queda em si. o buraco sem o qual não existira o sonho.

quarta-feira, abril 15, 2009

nossas melhores roupas #2

ele fuma seu cigarro enquanto espera o ônibus, impaciente, esse ritual diário não parecia mudar muito até que patrícia cruza a calçada com o passo acelerado, um rapaz de óculos acompanhando, vestido negro, cabelo pintado, ela desvia o olhar até ele, que agora também espera com os olhos, dessa vez sem rodeios, reconhecimento imediato dos dois estranhos. ela mantém o olhar, ele não sustenta, mas entreolha parecendo distraído com o movimento no ponto. ela pára e o acompanhante continua caminhando na direção do cinema. a interrupção lhe parece estranha.

- desculpa, mas posso te pedir um cigarro?

- claro, pode pegar.

- ah, não. é o seu último.

- que isso, pode pegar, vou comprar mais depois.

ela pega o cigarro e pede o isqueiro, acende e agradece, os olhos caramelo como ele imaginava vistos de perto, agora já não rimam com o cabelo, "uma pena", ele pensa enquanto escolhe sua fala para continuar com ela ao lado, não é necessário, patrícia continua ali até a próxima pergunta.

- era você em copacabana, não era?

- quando?

- desculpa parecer maluca assim, mas acho que você sabe.

- era, ou não sei, acho que era sim. por que?

ela solta a fumaça olhando para a rua, respira em um silêncio de meio segundo, parecendo pensar no que vai dizer.

- olha, agora eu tenho que ir trabalhar, se eu te der o meu telefone, você liga? a gente marca um café e conversa, pode ser? você gosta de café?

- gosto. anota o telefone aqui que eu ligo.

- então é isso, to parecendo muito maluca?

patrícia ri, envergonhada. ele também ri e diz que não, tentando parecer o mais natural possível. ela continua sorrindo enquanto escreve os números do telefone no papel. o ônibus que ele esperava já passou duas vezes por ali.

- tenho que correr, ela diz.

- beijo

- beijo

sexta-feira, abril 03, 2009

colorido ou inexistente

obra no banheiro. sono descontrolado que destrói os ossos e os sonhos mais banais. com a namorada, os amigos e as vontades. vestidos. o cabelo antes amarelo agora avermelhado. a palavra responsabilidade gravada na traseira de cada ônibus dessa cidade. cigarros. cervejas. dinheiro gasto em coisas não palpáveis. o vazio transbordando.

na vontade de silêncio, a vontade de mudança. agora.