segunda-feira, dezembro 28, 2009

quase dez

os últimos dias do ano são estranhos. mais luz e ruído ainda. e eu aos vinte e oito anos faço uma edição da minha vida pós 1994 e chego a conclusão que não se pode prever nada. é básico e ridículo de tão normal. estamos acostumados a viver os últimos dias com a ressaca das derrotas sepultadas e a euforia de uma mudança futura, que pode vir, ou não, ou pelo menos não será tão óbvia quanto a força do acaso, essa sim é pontual, vem como um caminhão e até hoje não sei o que pode acontecer na esquina, a morte, a rotina, o tiro, a dor, a doença, o sexo, a cor, o vestido, o chão, a mão, o gozo, todos são tão possíveis que não resta dúvida de que a melhor opção é abrir as pernas. de olhos abertos.

sexta-feira, dezembro 25, 2009

natal

vinte e quatro:

sete da manhã saindo de casa, oito chegando no terminal rodoviário novo rio, encontro um amigo que pelo menos salva o tempo de espera, o ônibus que era das 8:13 saiu depois das nove, pausa para comida cara de beira de estrada, durmo, chego em campos depois de uma da tarde, compro a passagem, o jornal, espero sentado.

o ônibus das três chega 15:30, as pessoas brigam por um lugar para sentar, exatamente como na barbárie do metrô no rio, tenho certeza que eram mais de 100 em um ônibus de lotação 50. por sorte, sentei.

o motorista no processo de amontoar pessoas, só deu a partida depois das 16:00. todo mundo sempre faz piada da desgraça, chove, eu durmo. o caos não parece durar muito, bem-vindo à itaperuna, a placa é quem diz.

vinte e cinco:

pensando, basicamente isso.

na vida, na casa, na sorte.

natal é sempre a mesma coisa.

(canção)

i don't want you coming here
no way, no way
i can't have you staying here
no way, no way

everytime i close my eyes
i want to walk with you in moonlight
and i know you're not intending
to go on just pretending
but i think it's for the best

quarta-feira, dezembro 23, 2009

23 de dezembro

a ansiedade está em tudo. nas luzes, presentes, filas, dinheiro gasto, nos cambistas de rodoviária, a vontade fica na intenção de preencher os espaços, o vazio, o tempo que já foi e agora o jeito é renovar o ano, apagar os erros pra começar uma transformação, mesmo que seja só de números. vai ter ceia, família, comida, gente feliz, gente triste, alguém que casou, outro que está doente, vão lembrar do pai que morreu, da mulher que fugiu, do filho que não veio, do emprego, da dor. vão lembrar e esquecer também.

vão assistir tv, mágico de oz, como um dia eu fiz, depois da única missa que fui na vida. ela estava na ceia de alguém que amava alguém que já morreu. e eu fiquei em casa. triste. sozinho. pensando que nada mudaria e aceitei o fracasso. o peso da derrota enquanto a derrota durou. vinte e quatro horas. no máximo. mas doeu pra burro.

um ano inteiro não curou. a vida seguiu e eu pensei em escrever algo que seria um acerto de contas com aquele dia, aquela natal, aquele ano. ainda não consigo.

terça-feira, dezembro 22, 2009

retorno, sempre, retorno

a razão que você espera pra ontem pode levar mais de cinco anos pra acontecer, a vida corre, o acaso trabalha, as coisas mudam, as pessoas passam, e quem diz que faz o seu destino é mentiroso. o destino é quem te faz. e você só escolhe se é azul ou amarelo, rio ou são paulo, hoje, amanhã ou nunca, até que juntando um monte de dias, de erros, de gente, de tempo perdido, felicidade, alegria e frustração, você para pra pensar e vê que a curva chegou, tudo fez sentido, a volta está completa e pra começar outra linha reta não se apaga o passado, no fundo é tudo meio misturado, as pessoas voltam, a vontade retribui as energias perdidas no passado, o sonho cai no colo, o que importava agora já é um saco, e tudo é felicidade ou não. bem simples. meio químico, meio místico.

domingo, dezembro 06, 2009

flor

saudade da minha menina. ana carolina. ponto.