sexta-feira, outubro 29, 2010

mais do mesmo

talvez não fique muito claro, mas precisamos é de continuidade. variações e ideias são eventos desconexos se não existe uma trajetória, a linha reta que define o que é curva, loucos que estamos por realizar não enxergamos o básico, viver é escrever uma história simples, poucos personagens, escolhas definitivas, a grande transformação é reinventar o mesmo espaço, encontrar cores mais bonitas para o que parece destinado ao fracasso, afinal, essa ordem natural de um dia depois do outro, 24hs e depois tudo começa outra vez, veio o dia, veio a noite, dia, noite, dia, noite e todo ciclo é uma explicação básica do ato de viver, foi ótimo, foi terrível, feliz, triste ou não emocionou, passou como um dia vazio desses que a vida está cheia, mas vai se repetir, é inevitável como dia e noite, como qualquer alto e qualquer baixo, viver é inevitável até certo ponto, existe uma escolha, mas outro dia virá com ou sem você, e já que voltamos ao início todos os dias, porque não tentar entender como se escreve um roteiro mais inteligente para o nosso inevitável, vivendo até o fundo tudo que é necessário e assumindo as responsabilidades e contas de tudo que se quer, escolhe, pensa e faz. esse papo de não viver o amor ou ódio é medo, estamos covardes, vazios, e digo tudo isso só pra lembrar que pensar a razão das coisas talvez evite uma vida desnecessária, porque a morte é um desses outros inevitáveis, o caminhão do lixo te atropela e amanhã você não vale nem três linhas compradas na décima nona página do jornal do seu estado, não é, não foi, não soube, nem teve quem pagasse as linhas, nem quem sofresse lá muita coisa, ninguém chorou, não comoveu, nem vai ser lembrado um ano depois em missa. então talvez não custe a reflexão, de que na hora da morte, algumas coisas deverão valer a pena: tudo que fez, os filhos que deixou, o rosto de alguém que dividiu. nada disso é pouco, pode acreditar em mim.

terça-feira, outubro 26, 2010

you can stay here

perdido entre milhares de opções que a vida oferece, ele só consegue pensar que não lembra mais sonho algum, um turbilhão de imagens passam pelo cérebro toda noite e o máximo que sobra de memória consciente são frases curtas em português e repreensões, nada que dure mais de três segundos de sonho, dizem uma eternidade de vida, mas o que parecia vazio é uma mente que transborda informação, precisando de limpeza, de cor, de conseguir desenhar aquele rosto necessário e as palavras que faltaram de um texto que merece ser escrito desde que a vida deixou de ser uma vidinha infantil. quer escrever que estar ali parado é esperar o momento certo de abrir a porta para o destino, já que no aleatório, sonho é destino, então nada mais justo que sonhar, como vivência e metáfora, coisa de colocar o rosto colado na janela onde a vida pode escapulir, e deixar a sorte trabalhando, criando personagens úteis para esse enredo, onde realmente é possível acreditar e tudo vai correndo bem, lento e agridoce, para no final a vida rodar, rodar, rodar e o impossível ser o que se espera dele. sonho vazio e passado.

terça-feira, outubro 19, 2010

sono-para-sonhos

nesse espaço de descontrole, durante possíveis oito horas, a alma repousa, vagueia, deixa ser aquela imagem impossível de tão próxima, alguns bairros, minutos nem chegam a horas, frames piscando até que uma sequência realmente exista, rodada em preto e branco, cores costumam vir com o som mas são raras, o ruído dói no corpo, expulsa a alma pra fora, e aqui existe o meio do caminho, o momento em que a alma volta mas a carcaça fica vazia, querendo-a de volta, olham-se, e a respiração é a cola que une os extremos, re-início de processo, filme, narrativa, tudo trabalhando pra mostrar o impossível: desejo irrealizado, idealizado, morte, pequena morte, tudo que é direto ou desconexo, pode ser, mas a gente nunca sabe o que está por vir, e elas voltam, elas, bem definido assim, o que assombra, o que atormenta, o que transforma. querendo dormir qualquer um é capaz de um acerto de contas. estranho e inevitável, necessário pra quem sonha, o sonho, a metáfora justa da batalha. ainda que com algum medo do escuro, é fechando os olhos que se abre a lata da alma. vamos tirando a armadura. não amanheceu. é hora.

segunda-feira, outubro 18, 2010

segunda-feira, outubro 04, 2010

vazio, simples, seco

quando tudo deveria fazer sentido, não faz. o caminho ainda é o meio e o fim ao mesmo tempo, existe a possibilidade de andar a esmo, ou com alguma finalidade, ou seja, tudo ainda pode ser. como sempre foi. um passeio apaixonado pelas ruas esquecidas do cais do porto no rio, mooca, ou qualquer lugar de velhas fábricas e galpões abandonados, por lá ainda existem pessoas, amor, ódio e tempo. por lá ainda podemos existir. de mãos dadas/em silêncio.