quarta-feira, março 25, 2015

noite

esses lugares são todos escuros e ele nunca sabe até que ponto é bom beber sem propósito, conversa com um ou outro, pede mais uma cerveja, alguém marca a comanda, outro xis, esses lugares são todos quentes também, essa camisa preta, essa pequena onda que mistura os ruídos aos poucos, todo mundo pergunta coisas engraçadas, deve ser tudo engraçado mesmo, ou ele não tem paciência pra quando a conversa estica, desce a escada pra fumar um cigarro, sai na calçada pra fumar, o maço vazio e o posto no outro lado da rua, fila com gente que faz malabares, malditos malabares, malditas festas que ela frequenta com gente que dança ou faz malabares, que não são exatamente essa festa do outro lado da rua, não chegou a vender a alma, comprou o maço, riscou o fósforo na calçada, fumou pensando como se estivesse sentado no escuro, e as pessoas aos pingos fumando também, rindo, elas precisam dar aquelas risadas de boca aberta, pode reparar, quando você está na conversa nunca é realmente engraçado, só quando é um momento de felicidade, que pra ser assim precisa de tanta coisa, geralmente vem do nada e é improvável que seja o acontecimento dessas 23:57, e ele consegue ficar distraído da conversa, olhando os táxis e a tela do caixa eletrônico piscando, ouvindo a música que vaza, pediram pra subir, tá na hora de tocar alguma coisa, ela não chegou, por acaso tá namorando outro, e ele discoteca e as meninas dançam, balançando a cabeça, suando, decotadas, e depois vão escrever em algum site, blog tá brega, ou vão aparecer em foto de look em galeria de site (blog de look já ficou brega?), ele termina pra fumar outro cigarro e deixar a concentração passear pela rua aberta como o desejo. na liberdade das esquinas e da solidão.

terça-feira, março 03, 2015

mês três

o que eu quero não existe, acabou, caducou ou foi embora.