domingo, agosto 24, 2008

O Verde da Consolação

Eles andarão pela Augusta em direção à Paulista do mesmo jeito que atravessam a Rua das Laranjeiras. O frio terá o mesmo sabor que o que faz agora, só que sem vento, sem pressa também, vão olhar o céu e quem sabe até as nuvens estejam bonitas nesse dia, sem o negro da chuva acumulada, os carros paulistanos mais lentos, final de semana.

O caminho feito para encontrar um trago de bebida boa, um cigarro pra cada um, uma música que eles gostam de cantar. Eles trocarão a voz no refrão, por gentileza de ambos.

Ela de vestido que a mãe deu ou que o salário comprou, linda, e ele dizendo qualquer coisa absurda, ou talvez nem tanto, querendo andar mais devagar pra sentir o vento que acaba chegando por ali às seis da tarde. Um sábado.

Começando o expediente da noite daquela cidade enorme, os dois pensando em comprar muita Coca-Cola pra beberem sentados na calçada da Bela Cintra. E depois ter vontade de tomar café com doce na primeira padaria da rua, fumando outro cigarro que ela vai olhar para o maço e não precisar pedir. Eles podem tudo e a medida do possível é a medida do realizável. Se for diferente não faz diferença.

E o verde da Consolação vai parecer como o futuro para os dois. Acontecendo e só. Sem pensar muito.