terça-feira, agosto 31, 2010

comum a todo mundo

qualquer um poderia vir aqui e dizer que viver é simples, eu mesmo já o fiz por muitas vezes, e também por muitas vezes disse que não é bem assim. um dia você acorda estranho, pensa bem, repassa na cabeça qualquer cena do passado e tudo vai depender mesmo é de uma coisa inexplicável que fica perdida entre o cérebro e o coração, você não é aquele do espelho, não se reconhece porque quer movimento, quer virar outro, a foto da frente na sequência natural da vida, mas não entende a real necessidade de transformar-se, será mesmo que só a mudança faz sentido? ou mudamos por incapacidade de sermos estáveis, mais profundos, por não conseguir aproveitar e aprender com o que recebemos da vida, de que vale mudar e mudar e mudar e nunca ser nada mais elaborado, será que uma colagem de pequenos momentos resolve a verdadeira necessidade que é resolver-se com quem você realmente é, porque tá parecendo que essa coisa de mudar tem a ver com colocar a culpa que é sua na conta dos outros, das coisas, do dia, da cidade, da falta de dinheiro pra comprar o mundo, e isso não vai mudar nunca, sempre vai faltar alguma coisa, sempre pode ser diferente, em outro lugar com outra pessoa. e aí? aproveita agora?

quarta-feira, agosto 18, 2010

andando

ainda seguindo o que pode ser. as portas que estão fechadas, mesmo com a cara do futuro, não parecem uma boa idéia. quando a única vontade é sentida junto a vertigem de quase rolar na calçada, o momento é mesmo de silêncio e reflexão. queria dizer que as coisas não mudam, mas fica impossível evitar a beleza que vai fugindo o tempo todo delas, hoje existe, amanhã nem tanto, depois já não se lembra, e quando a sensibilidade se dá conta, a vida é outra, tudo diferente, outra cara, outra coisa, outra cor, e não adianta insistir, o jeito é deixar-se mudar junto, adaptar o necessário, porque só assim acompanho a metamorfose que faz parte de mim, entristecer é ficar fotografado no passado, aquele que já foi, e não adianta empurrar a carcaça pro futuro, perdendo a oportunidade de ser a pessoa certa no seu momento certo, porque a vontade precisa mudar e o dono fica quase sempre parado, ofuscado por uma certeza antiga e desnecessária, a cabeça de ontem no homem de hoje, perdendo o passo de tudo que o peito quer, mas sendo assim coerente. o modelo do que se espera de alguém. que bela cagada. muito melhor seria ser nada.

terça-feira, agosto 03, 2010

filme de amor (90's)

- eu queria mesmo sair para um lugar como esse.

- legal aqui, não é?

- muito, o jardim parece perdido no tempo.

os dois viram filmes por toda a tarde, tomaram café durante a madrugada passada na loja 24 horas, esquina com a rua sem saída próxima ao apartamento dela, conversaram sobre smiths, cure e coisas de quem já passou dos vinte e cinco. precisavam disso, de tempo, sofá e filmes, comida, conversa, precisavam de um encontro. aconteceu há três dias no jardim botânico.

- você quer fazer mais alguma coisa?

- não. vamos comprar cigarros e voltar lá pra casa?

- vamos.