sexta-feira, julho 09, 2010
meu abrigo
já vivemos tanto, por beijos, por gritos, por ódio temporário e amor contínuo, mas quase nunca conseguimos não depender um do outro, você precisa estar aqui pra me fazer melhor, minha mulher, esposa, companheira, nunca duvide da força que me move até você, da falta que sinto antes mesmo de pensar, do como essa casa só existe porque você move a nossa vontade, organiza a minha falta de jeito, é grande até quando precisa de mim. eu que sempre te quis, eu que não sabia que a vida era tão fácil até a vida virar metade você, olha agora, percebe o quanto tudo que fizemos tornou o amor natural, uma obviedade de te procurar ao lado do meu corpo, no quarto, no banheiro, no tempo que nos levou de uma janela sem cortinas, de uma cama curta a um longo abraço, e estamos aqui, não precisando pensar no amor, nem na palavra, pensando em livros, em trabalho, em vida após os 22, ou 28 no meu caso, somos maiores porque somos dois, e não tenho medo nem vergonha de dizer que preciso de você em casa, dos seus conselhos, sua raiva, preciso para ter certeza que existo e faço sentindo, que na morte, quando o filme passar editado pela cabeça só vai dar você, em cores, fotografada na luz do jardim da chácara do céu às quatro da tarde, entre o amarelo e o verde, um dia inteiro feliz, como sair da água do mar naquela tarde no leblon, ou sentir sua mão na cabeça enquanto vomitava voltando da morte com o sou nascendo no ano novo. meus buracos, meu orgulho, tudo que me diz respeito vai passando por você e entendo isso dia por dia, como que narrado pela sua voz. eu só sou o que você é comigo. uma coisa só. óbvia, direta e indissociável.