quinta-feira, março 30, 2006

07:21



O rock'n'roll é um joelho e uma coca-cola de garrafa numa pastelaria chinesa.

domingo, março 26, 2006

Cosme e Damião ou Gil e Gilson?



Aqui no meu prédio trabalham cinco porteiros. O prestativo Carlos, o infeliz com a vida Francisco, o senhor de idade bem avançada Antônio e dois jovens irmãos que saíram do interior da Paraíba para ganhar a vida no número 72 da rua da Passagem.

Do mais simpático (e com algum carisma) eu logo descobri o nome: Gil. Todos os moradores sempre diziam a cada encontro rápido nos corredores ou na portaria do prédio: "Bom dia, Gil".

Já o outro irmão o tempo foi passando, foi passando e nada. Nenhum nome, apesar dele saber perfeitamente o meu e fazer questão de citar a cada encontro. Sempre um "Oi Manoel" ou "Tudo bom Manoel?". Tenho uma vergonha absurda de perguntar o nome a pessoas que sabem o meu. Então ficamos assim por quase dois anos, eu acho. Nesse tempo todo nunca ouvi nenhum outro morador dizendo o nome desse segundo irmão.

É mais feio que o outro, mais fechado, parecendo guardar não só uma certa melancolia, mas como também a identidade. Talvez por julgar ser quase desnecessária essa informação para os moradores.

Então um dia no meio de uma conversa mais prolongada, resolvi perguntar (passando por esquecido): "Qual o seu nome mesmo? Sempre esqueço..."

"Gilson".

Estava explicado. Gil e Gilson. Com todos aqueles preconceitos que trago guardados aqui em algum lugar, pensei: 'No Nordeste isso é normal, esses nomes entre a matemática e a influência das duplas sertanejas'.

Esticando o papo que levava com os dois e querendo entender melhor perguntei ao Gil: "Sabe o razão dos nomes? Por que seus pais escolheram esses nomes parecidos?".

Aí a revelação: "Na verdade não escolheram. Nossos nomes são Cosme e Damião. Mas todo mundo sempre chamou assim: Gil e Gilson."

"Como assim? Por que sempre chamaram assim se os nomes são Cosme e Damião?"

"Porque sim."

Não adiantou argumentar ou perguntar mais nada. O motivo ele não sabia ou não quis realmente me dizer (o que acho mais provável).

Por que diabos dois irmãos chamados 'Cosme e Damião' acabam virando Gil e Gilson? Os pais se arrependeram? Os filhos não gostavam dos nomes originais e resolveram adotar outros? Até agora não sei mesmo, apesar de conversar mais tempo com eles a cada dia.

Tenho certeza que no universo dos dois, as surpresas não param por aí.

Como descobrir uma parte disso tudo é que eu ainda não sei.

quinta-feira, março 23, 2006

Camisa



Sério: quero muito uma camisa do Mascherano!

Gênio! Fiquei super feliz por descobrir um blog sobre ele.

Vou passar lá sempre agora:
http://www.blogjaviermascherano.blogspot.com

segunda-feira, março 20, 2006

Places you have come to fear the most

O Supermercado, a calçada, os prédios e a padaria estão interessando mais. Existe um horário, existe a minha vida. Ah claro, os outros também existem. As canções que tocam aqui dentro, e as que tocam lá fora (e ouço pela janela) escrevem uma nova trilha. Como fiquei tanto tempo sem ouvir isso? "Relmente, você não sabe de nada".

As contas, os planos, as fotos e os outros estão interessando menos. Opinião eu já não dou mais. Chegando a conclusão de que não existem grupos a não ser nos esportes coletivos. Atualmente até desses eu suspeito. Suspeito ainda mais das pessoas. Não essas normais, de rua, mas das que eu conheço. A maioria das pessoas que eu conheço não tem utilidade, pelo menos pra mim.

Pra você geralmente dizem uma coisa, para o outro dizem outra. Eu também faço isso? Você também faz isso? Provavelmente. Mas é melhor parar você não acha?

Algumas pessoas gostam de você de graça. Do que isso importa se você não gosta delas? E não me venha com esse papo de 'eu só vou gostar de quem gosta de mim'. Você gosta de alguns de graça também, mas provavelmente estes alguns também não gostam de você. Por isso defendo as ruas, os nomes, o supermercado e a padaria. Esses sim, geralmente gostam tanto de você quanto você puder gostar deles.

Algo entre o tudo e o nada. Entre o folk e o hardcore.

Não parece nada profundo, mas é. Ter um milhão de amigos pra que? Você não vai ter tempo pra brigar com todos eles. O dificil é se livrar de quem quer ser seu amigo. Então diz: Por que quer ser meu amigo? Algum interesse deve ter. Só quem é bem maluco olha pra cara de outra pessoa e pensa: "Nossa, quero muito ser amigo dele'. Tirando os loucos, as outras amizades estão no limiar do interesse, mesmo que seja mínimo.

Geralmente quem quer ser seu amigo tem muito menos a te dar do que receber. E quem pode te dar mais, provavelmente não vai querer sua amizade por achar que vai ganhar com você de menos. Então eu repito: melhor a padaria, o supermercado, a calçada. Nesse acaso todo, geralmente acontecem as coisas mais interessantes do mundo.

As pessoas mais importantes da sua vida estão lá: na rua, no carro, na faculdade. A felicidade as vezes nasce desse distúrbio.

Cores



Assistindo Lolita do Kubrick que obviamente é em P&B, escuto a seguinte afirmação:

'Não, não é o mesmo carro que está seguindo eles, aquele era azul'

Dá pra imaginar azul em preto e branco?

Algumas pessoas conseguem...

domingo, março 05, 2006

Sobre canções e o outono passado.

Acho que era Julho de 2002. Uma cidade quente do interior fluminense. Alguns garotos, o carro em movimento e um violão. Esse é o filme que tenho na cabeça, nós cantávamos "Se você quiser se divertir invente suas próprias canções", chovia muito sobre nós aquela noite.

De lá pra cá se passaram quase quatro anos, e seguimos assim: compondo as nossas próprias canções. Compondo a história da minha vida e a história da sua vida. Às vezes deve ser bem difícil ser quem você é, porque eu entendo que é muito difícil ser quem eu sou. Lembro de tocar violão e conversar em algumas madrugadas. Lembro de cantar as suas, como você já deve ter cantando as minhas. Lembro de ouvi-lo ao longe no outro quarto.

Um amigo existe pra transformar em poesia o que as relações diárias transformam em matemática. Por esse cara, eu faria qualquer coisa. Olhando pra trás, lá para 1999 eu vejo que cada dia não teve volta. Tudo passou. As mulheres, os amigos, as cores, os lugares. Tudo menos nós e as nossas canções. Escrever isso sobre você agora, me fez lembrar o Nando, que assim como você sempre acreditou em mim como ninguém mais conseguiu.

Muitas outras coisas irão passar, você sabe irmão, pode contar comigo sempre, prefiro antes de mim, pensar em você. Naquela noite de chuva, nós dois entendemos que a única escolha é cantar uma verdade que é nossa. Hoje várias outras pessoas vivem dessa nossa verdade, mas não podemos esquecer que ela é nossa, só nossa. Quando um refrão seu toca, um pouco do meu coração está ali também.

Cara, se eu te escrevo isso agora e choro é porque realmente aprendi com o seu carinho o quão grande é a palavra 'Amor'. Nós fazemos do mundo mais que canção, porque essas sim: são nossas.