terça-feira, julho 08, 2014

tempo

quando a memória é um erro, o passado é a entidade da vergonha. quando a lembrança é de acertos ocasionais e fortuitos, o passado é o lugar mais confortável, o melhor abraço no caminho, que prende, emociona e conforta. agora gosto de olhar os fios brancos da minha barba, que nascem do mesmo jeito, como promessas de presente para mais fios e lembranças. também me admira observar meu cabelo crescendo com as marcas de tantos cortes de três décadas, estabelecendo seu caminho em voltas retorcidas, espessura e espaço útil dizendo que existe uma história, cheia de fragilidade e aprendizado. e o cabelo cresce todo dia, como os dias renovam o tempo, e nenhum deles esconde os desvios ou mente a história de uma vida cansada de passados. futuros e acasos, eu ainda acredito. papo de perito.