o buraco no navio da vida é a distância entre o que temos e o que queremos a mais. todos as linhas de sofrimento despejadas nesse espaço, basicamente, são sobre o mesmo assunto. é simples e sem solução. se a morte é o fim da experiência, do nascimento até o ponto final existe um espaço que parece eterno, perfeito para ser deixado para amanhã. você não ama o hoje, a hora, a mãe, o pai, a filha, o tio ou a água porque acredita que falta algo mais importante, o pulo do gato que vai te trazer a felicidade absoluta e o tempo necessário para fazer tudo isso. as coisas que realmente te representam como existência vão para a caixa do que já é seu, espaço conquistado e esquecido, já o que falta é a menina dos olhos. nossos e dos que nos observam.
o problema é que sempre falta alguma coisa. e todas as drogas e remédios modernos existem para domar esse leão do desejo próximo, do amanhã que nunca chega. a frustração de querer tanto e conseguir pouco desajusta a alma, desregula o pouco de sanidade que poderia servir como força para dar atenção ao óbvio. mas sociedade nenhuma avança sem desejos, sem o mercadinho dos grandes sonhos. com a exposição do tempo recortado em melhores momentos, das fotos de mural público, desse grande espetáculo da vida sem finalidade, somos filhos de um medo que nos asfixia, que paralisa o ímpeto de amar o óbvio.
o problema é que sempre falta alguma coisa. e todas as drogas e remédios modernos existem para domar esse leão do desejo próximo, do amanhã que nunca chega. a frustração de querer tanto e conseguir pouco desajusta a alma, desregula o pouco de sanidade que poderia servir como força para dar atenção ao óbvio. mas sociedade nenhuma avança sem desejos, sem o mercadinho dos grandes sonhos. com a exposição do tempo recortado em melhores momentos, das fotos de mural público, desse grande espetáculo da vida sem finalidade, somos filhos de um medo que nos asfixia, que paralisa o ímpeto de amar o óbvio.