terça-feira, junho 02, 2009

analogicamente

a vida é processo. como o chá que está em infusão agora ali na pia me esperando pra dormir. feita de seus caminhos orgânicos, ela quase nos ilude que nos anos pós 2000 somos capazes de superar o óbvio, mas não somos. é só pensar um pouco. o corpo funciona sem receita médica ou razão matemática, o tempo passa sempre na mesma toada e independe do avião, da roda e até da morte para existir.

fazer um bom chá é arte, como uma canção ou um pedaço de palavras juntas. ter trabalho acrescenta alguma coisa ao conjunto de significados que a sua vida acaba representando. é sair de si. melhorar. fazer valer a pena o que não vale. ou não faz sentido. como amar parece inútil. parece prisão. parece sonho e acaba fuga. mas não é. amar também é processo. como chá, vida e trabalho. e é justamente o processo que te faz alguém melhor, templo de seu próprio corpo e de sua própria escolha, que consegue seguir em um dia que começa sempre novo, sempre em branco, mas com bula, com passado que ofusca a chance de luz depois da noite. processo é conseguir enxergar luz quando é hora de luz e sombra quando é hora de sombra, é plantio, espera, entendimento. saber que não se acelera o que é lento.

é difícil acordar e enfrentar a vida. como é difícil escrever algo seu, cantar uma canção que seja sua, ouvir os ruídos e observar as cores que só dizem respeito a você mesmo. é solidão e é liberdade. nascemos sozinhos, vivemos sozinhos, existimos sozinhos. temos que aprender, sozinhos, o processo. a maneira. a finalidade. o sentido. o quebra cabeça é meu e só eu consigo entender a minha própria ciência. não existe análise externa que me diga respeito.

é minha vida quem agora gosta de dizer:
- o processo existe. favor não desperdiçar.