sexta-feira, janeiro 18, 2008

Amor é Inferno

Senti saudade e ela não sabe. Eu ali no escuro, óbvio demais, ouvindo aquele disco imenso de baladas doces, bebendo cerveja e fumando o mesmo cigarro que ela diz que é muito ruim. Sonhei com um dia no futuro onde nós dois deitaríamos no chão e tudo que até então não fez sentido, faria. Ela com aqueles olhos lindos dizendo bobagens e eu sorriria querendo passar mil noites iguais, a vontade de transformar o que passa na cabeça em desenho de realidade. Comprando pão, bebendo água, sentindo a respiração ao lado do peito no sofá da sala, dormindo durante os jogos de futebol na televisão.

Só nós dois dentro de um filme americano naquela época quando ainda não existia cor no cinema, beijando com o baseado que ela gosta aceso nas mãos. Ela não quis, eu tentei muito transplantar esse sonho para o dia-a-dia, não foi bastante, não foi possível, não adiantou só querer que o presente fosse igual ao que explode na cabeça durante o sono. Agora só me resta acreditar que se o Eterno Retorno existe mesmo, o nosso caminho ainda não terminou; e ela vai aparecer lá na frente, no apartamento novo, quando eu menos esperar e isso tudo vai finalmente acontecer, do jeito exato que deve ser. Todas as imagens projetadas na parede branca, simples, chapada.

Tudo desandou, mas amanhã pode mudar também.