domingo, dezembro 17, 2006

Translação

O escuro de quem se perdeu

- Ninguém?!

- Ninguém.

- Comigo vai... fica... vai...

- Não sei... ai.. não sei...

Tudo é tão névoa e ninguém entende ou pergunta se realmente deveria fazer sentido.


Ele continua a caminhar com os olhos vendados

Ela sorri e dá a mão enquanto continua a caminhar pelas ruas estranhas da cidade que não a abrigou com paixão proporcional. Ele já não sabe o que faz, não sabe o que diz, não sabe nem quem é nessa circunstância. Os dois cruzam olhares e usam os dentes já diluídos em álcool para sorrir no ritmo atrelado a loucura da canção. Todos os outros amigos conversam alto, barulho é tudo que eles entendem no escuro da noite.


Como perder-se literalmente...

- Tá indo pra Zona Sul! Ai.. ai... não.. não.. Tá indo pra Zona Sul!

- Será?! Puta que pariu.

- Tá sim... que droga...

- Tudo bem, a gente vai até Cardeal Arco Verde e volta.

- Tá bom. Engraçado é que comecei essa noite bebendo em Copacabana.

- É o eterno retorno, baby.


Encontramos o sol cruzando a Pinheiro Machado

Ele ainda não entende o que prendia tanto a atenção dela nos seus olhos. Enquanto dizia histórias que hoje já cheiram a um passado distante, ela observava atenta. Ele queria mesmo era parar de dizer essas bobagens e leva-la até qualquer lugar onde o sol pudesse ser a única forma real de calor. Tomariam um café quente e tudo pareceria perfeito para aquela noite. A revolução geralmente vem de motivos banais, talvez os mais banais.