sexta-feira, outubro 06, 2006

Sobre mulheres da minha vida e a Lapa.

Uma mulher marcou minha vida por um bom tempo. Analisando hoje, tudo foi muito mais que positivo entre nós dois. Amamos, aprendemos essas coisas todas de sempre, só que em alta velocidade e com longa duração. Tentando lembrar uma imagem que ficou na cabeça, digo que parece algo entre o colorido e o sangue, um sorriso indecifrável para o bem ou para o mal em alguma história infantil; ou o gosto amargo no final de uma bebida boa. Não existe um sem o outro, entende? Foi a primeira mulher e isso não é pouco.

Pois bem, posto isso, ontem no aniversário de minha pequena Gombata nos paralelepípedos itaperunenses da Lapa, reencontrei a segunda mulher da profecia que alguém escreveu pra mim. Ou para nós, quem sabe. Ela pensa diferente quase sempre, discorda de tudo quando concorda e isso me deixa perdido como em qualquer noite mais escura e sem sentido. Não que seja ruim, é lindo.

Lindos também são os olhos, o sorriso, a barriga, os seios. Até o cheiro do cabelo, dá pra acreditar? Cheiro pode ser bonito? Parece que sim algumas vezes.

Certa vez fomos ao cinema. Véspera do dia das mães e ela aproveitou pra comprar o presente no mesmo shopping na Barra. Andamos, andamos, conversamos, andamos e as horas foram. Engraçado ainda lembrar do filme: Nelson Freire. Só que nessa época ela evitava, eu não entendia muito aquilo, um morde e assopra estranho, parece-que-quer-demais-não-querendo. Fazer o que, deixa pra lá por um tempo.

Meses depois, minha namorada da época parecia odiar a tal menina. Olha, de alguma forma ela tinha razão quando dizia que nos olhávamos de um jeito diferente, estranho, difícil de entender.

Ano passado, churrasco no final do ano. Bebemos, conversamos. Quando decido perguntar porque ela não quis resolver naquela época do cinema, ela responde dizendo que não acreditava em mim, que achava que eu não queria ou estava brincando, qualquer coisa menos querer de verdade. Ai, ai.

- Mas eu não disse agora outra vez? Vocé acha que não é sério?

- Claro que não é sério. Você me fala isso sóbrio? Duvido que fala.

- Claro que falo.

- Não fala. Me liga amanhã então e diz sóbrio. Só assim a gente vai conversar isso sério.

Eu argumento, ela argumenta. Várias vezes. Beijos enfim e ela continua achando tudo uma grande loucura. A noite termina estranha, mais com cara de ressaca do que de romance como ela já previa. Grande mulher essa menina. Liguei no outro dia? Não liguei no outro dia. Idiota com um "I" do tamanho do olhos dela. Sabe por que não liguei? Por morrer de medo de ligar e ouvir que não é extamente isso.

Ela acha que não falo sério, eu acho que ela não fala sério.

Se isso faz sentido e vai chegar a algum lugar, só com o tempo vamos descobrir. Combinamos que com 28 anos tudo se resolve. Eu acredito não acreditando, ela também.

Queria muito, minha linda, que teu sobrenome significasse uma flor com um sentido mais bonito que o que existe por detrás das Margaridas; que segundo dona Vera do Califórnia Zero Grau significam "Amargas-Idas".

Vou então inventar flores do vermelho-revolução: Al-madas.