quinta-feira, outubro 19, 2006

Poliana

Entre o amarelo e o vermelho se escondem as cores que Poliana esquece ao levar as tintas nanquins. Menina nascida para viver uma parábola. No jardim de casa as flores cresceram a passos largos e ela está usando um vestido lindo.

Transforma em paixão, cada curva, cada espaço no disperso fluxo de atenção que Poliana desperta no que faz-me arder o peito. Acho que se chama coração. Ela sorri sentido algo que não se expressa, e prende o cabelo para fazer do silêncio: forma exata. Beleza nascendo na menina que esconde um sol alaranjado nos olhos.

Enquanto lia Raduan Nassar, quis beijar levemente seu rosto, e dizer ao pé do ouvido, o que de mais belo entre nós pode tornar-se real:

"E, quando já tivermos, debaixo de um céu arcaico, tingido nossos dentes com o sangue das amoras colhidas no caminho, só então nos entregaremos ao silêncio, vasto e circunspecto, habitado nessa hora por insetos misteriosos, pássaros de vôo alto e os sinos distantes dos cincerros; me dê a tua mão, querida, tantas coisas nos esperam."