domingo, setembro 17, 2006

Você e muitos anos de vida.

Engraçado pensar que ela também gosta de escrever. Será que sonha em cores? Com trilha sonora? Conta as folhas que caem das árvores na Muniz Barreto. Almoça com as amigas durante a semana e assiste filmes americanos que são até legais. Usa blusas de décadas com rosas vermelhas e margaridas. Às vezes bebe naquele bar que existe dentro do Gávea Hardcore.

Dança sempre ouvindo “Uns dias”. Será minha sina amar uma mulher que escuta os Paralamas do Sucesso? Que diz as coisas certas, como sorri para fotografias e não é nada do que tive até aqui. Ela é a imagem do novo, o amarelo da minha paleta de cores, o trompete atrasado no que eu penso ser jazz, a frase certa no que ela pensa ser poesia.

Eu tive um sonho e não queria contar. Ela ficaria com um medo maior.

Não consigo guardar só pra mim. No escuro do cérebro ela vestia um verde bandeira da revolução. Caminhamos por horas ou anos esperando o momento chegar. Hoje eu espero esse dia. Ela sorri. E a música toca dentro do sonho: alta, máxima. Adrenalina de acordar com a camisa empapada de um suor de vida nova. Velho novo mundo de acordes maiores simples.

Pode ser o que quiser. Ter o que me pedir pra sonhar. Uma semana em Porto Alegre caminhando entre coisas que você pode pegar e os cortes da velha fotografia em P&B de um tom nouvelle vague. Esses seríamos nós dois dentro do que eu posso pedir pra quem governa as vidas. Quem atende a esses pedidos? Escrevo uma carta? Uma Lista de natal?

Caso você passe por aqui: - Quer saber o que eu quero?

Você e muitos anos de vida bastam.