quinta-feira, setembro 28, 2006

Olhos amarelos para esse hotel.

Entre textos e recortes metodológicos, ela fala baixinho. Faz o que acredita e pensa apenas no foco exato de cada palavra. Eu entendo. Seus seios são lindos, os dentes, a pele, os olhos amarelos de carne quente. Todos escutam seu sermão com paciência. Eu quero só pegar na sua mão e voltar pra casa com fome e sono. Com amor.

Você me entende? Sabe a minha verdade? Talvez não. Isso importa? Você fuma? Seus pais tomam café demais, você diz. Eu também, meu amor. Fumo, bebo, trepo, durmo tarde. Você quer? Vamos? O cinema é logo ali. Diz só pra mim: "Manifestações de paixão datada...". Repete? Pra mim, amor: "datada..."

Corre pra cá? Muda (para) esse lugar pra sempre? Me domina? Me manda. Pinta as paredes de suas cores preferidas, cola o que quiser, tira foto, coloca mil pedacinhos de papel pelo chão. Escreve nas paredes. Eu tenho discos antigos, uma vitrolinha alaranjada e sei fazer um café delicioso. Vem correndo? Mora aqui? Me ama em qualquer lugar dessa casa. Corpo, mãos e nossos pelos. Tudo que fizer sentido para sua vida nova.

Mais uma vez ela repete as idéias em um tom de revolução literária. Lindas como o amarelo que transborda de seus olhos para os lençóis desse lugar.

"Gosto de vinho, quando bebo. Quando não bebo, gosto de bebê-lo. Gosto de revolução, gosto do seu cabelo preso."