quinta-feira, agosto 10, 2006

Qualidade

A vida anda estranha. Acorda cedo, dorme cedo. Isso é estranho? Pessoas diferentes, horários diferentes. Outros canais, leituras, conversas. Um sorriso largo e doce que é a coisa mais bonita do mundo. Difícil ter objetivos tão profundos. Tudo é muito assim: a longo prazo.

O início de alguns contos, o trabalho de algumas músicas. Um projeto de vida arriscado. Todas as luzes do apartamento às 01:43 da madrugada, um prazer quase sexual. Você me entende? Ela usa um vestido verde-escuro que corta a pele branca. Observo os detalhes pintados no corpo. Procuro qualquer palavra que faça o sentido completo desses detalhes. Não encontro. Estranho é calar quando se quer dizer tanto. Uma angústia que é totalmente inteligível.

Inferno astral? Filosofia? Estudos de mídia?

O trabalho é silêncio, calma, dedicação. Você me olhando rápido. Uma, duas, três vezes. O telefone toca as vezes. Os pensamentos são tristes a tarde. Tudo correndo tanto. O ônibus em alta velocidade. Calos e veias saltando nas mãos.

Lembro da antiga namorada. O menino que tinha força e não sabia de nada sou eu na fotografia. Vida com escalas, fé em qualquer coisa ou fé em nada. Niilismo de raiz. Raiz de arcada dentária. Os prisioneiros nos assentos do transporte público. Todos os loucos da cidade.

Jornais espalhados pela casa, falta papel higiênico na sua vida? Talvez falte um grande ponto final. Ou de interrogação? Vestidos de noiva. Quartos de cordas não são quartetos.

Lojas de café. Guaraná suave. Pães e recheios de pão. Vestidos longos. Sandálias traçadas na vida de social-democracia. Estamos os dois no hall dos elevadores. Em silêncio. O que eu digo? O que você diz? Porra... o que a gente faz agora? Qual o seu sobrenome mesmo? Ninguém nunca diz. Sentado lendo o jornal vejo passar um sorriso de notas de trompete-veraneio. A absoluta falta de razão dedica esse texto.

Agora falo dormindo que o peso desse mundo é grande.