quarta-feira, agosto 02, 2006

De Manoel para Manoel sobre Rita e as revoluções interpessoais.

"May I inquire discreetly, when you are free, to take some tea with me."

Durante todos os passos, todos os olhares e todos os encontros, não tive coragem de dizer um mísero "oi" hoje. Dá pra acreditar? Nem eu acredito, meu amigo.

Saindo do elevador com o coração batendo acelerado enquanto assistia Rita desaparecer lentamente, só consegui perguntar a razão de tanta falta de atitude.

Nos passos seguintes acho que encontrei. Chegando no ponto de ônibus vejo o anjo da guarda de sempre:

- Baby, olha que coisa louca, tava pensando agora que passei muito tempo querendo sexo, prazer e amor fácil. Com isso meio que acabei criando uma persona que é completamente desenvolta quando está nesse tipo de situação. Mas o foda é que ultimamente comecei a pensar em parar com isso e tentar resolver esse lance de gostar de alguém de verdade, amar mesmo. Mas já reparou como o universo disso é fechado? São várias e várias pessoas que eu posso beijar, ficar, transar, namorar mais ou menos... mas agora; gostar mesmo... completamente... quase ninguém.

- Mas baby... Isso não é uma coisa de idade não? Quando a gente tinha... sei lá... 15 anos... era mais fácil namorar qualquer pessoa, o universo de possibilidades era bem maior. Acho que quanto mais velho, mais seletivo.

- Será? Acho que eu particularmente sempre fui assim. Muito tolerante quando o assunto é prazer, mas já amar... porra... amar sempre foi sério. Complica de verdade quando eu tenho que conversar com quem realmente me interessa, não consigo usar essa desenvoltura que criei, fico meio bobão sabe? Nunca sei exatamente o que dizer. Quando não é sério a responsabilidade é bem menor.

- Parece que é você mesmo que está ali né? Completamente exposto. Eu te entendo.

- É. Exatamente. Dificil verbalizar essas grandes questões né?

- Pra caralho baby, pra caralho. Mas dá próxima vez... diz um "oi"... se ela não gostar do seu "oi"... não vai gostar de mais nada no mundo! Pode acreditar baby: o seu "oi" é tão bonito...

- Chamo pra tomar um chá?

- Huuuummm. chá! Aí ela casa baby.