segunda-feira, junho 19, 2006

Suicídios, sábados, cigarros e flores selvagens.

Minha casa no sábado parece um hotel desabitado. Cláudia grita pelos corredores e pede atenção. O som toma conta da casa-hotel. Bebo cervejas e fumo cigarros. Não assisto filmes há anos: quero ouvir o telefone tocar, quero fazer sexo por dias com essa garota azul. Hoje ela está de rosa. As flores selvagens tem que cor hoje? Não assisto tv a cores, não vejo nada colorido. Mas ela ama o rosa e eu o azul. Hoje sem conclusões geniais por favor, quero continuidade, quero ver a cor dos olhos.

Beber, fumar, receber telefonemas, ouvir sirenes de bombeiros. Não encontro as letras certas na máquina de escrever, mas sou persistente. Cláudia, você está longe? Me canta uma canção qualquer, hoje tem cadernos de cinema? Vou ligar pra sua mãe e dizer as coisas que não tenho coragem. E as meninas que passam pela Catarina 128? Você tem ciúmes?

Você sente ódio? Grita? Chora? A Macumba não consegue transformar Cláudia. A serra me faz vomitar aos sábados. Hoje é maio de 2005 e eu estava com saudade dos seus gritos aos sábados, do seu ódio aos sábados. Vou andar no sereno da serra, vou te levar para o gramado da casa e trepar como nunca. Beijar os seios mais bonitos, amar a mulher mais bonita.

Hoje você me disse coisas que não diria a ninguém, hoje você disse que me ama sem empregadas, sem dinheiro. Senti vontade de chorar. Vai me amar até quando? Até quando durar a palavra amor? Acho que vou me matar hoje Cláudia, acho que o seu amor não vai durar pra sempre, vou me matar. Lá fora começaram os primeiros pingos, vamos fazer amor?

Você morre comigo? Claro que não, nem pense nisso. Raduan Nassar nem escreve mais. O que eu estou dizendo aqui meu Deus? Deus é químico? Deus trepa? Escreve as minhas cartas? As minhas canções? Deus tem pena?

Cláudia, o telefone ainda não tocou, são 02:48 e nada. Já consigo escrever as palavras aos poucos. Quem viveria em Teresópolis a essa altura? Quem te traria até aqui com essa sorte? Por que você veio? Por que está aqui até hoje? Eu sou um louco. Até o fim dessa história certamente me matarei? Te matarei? Matarei alguém? Se soubesse diria.

O disco acabou e ainda não sei a resposta, é um fluxo. Flores selvagens? Imploro o seu carinho cada dia mais, imploro a sua saudade. Vou parar antes que a loucura domine estas cartas. Antes que as cartas me dominem, dominem a bebida, os cigarros, o silêncio, o suicídio e as flores selvagens.

Ódio, como se escreve? Tudo mudou em 7 dias, o mundo mudou em poucas horas. Mas aqui na serra pouca coisa mudou em 2 anos, só algumas canções. Eu juro que tento ser forte, mas a disciplina falta. Raduan me salva! Me conta o segredo, por favor. Japonesas povoam o mundo, o suicídio e o meu pensamento. Mas Cláudia domina o meu coração.

Bebo, fumo cigarros, choro no chão por Cláudia, mas um dia o mundo muda, as canções mudam, existe vida além da química? Existe química? Não me leve a sério Cláudia, só estou bêbado.

Ela tem a cor da paixão nos lábios, e o meu coração desde aquele bilhete que ignorou. Você lembra do bilhete? Claro que lembra. Hoje disse o que não diz a ninguém. Mas até quando vai suportar isso?

Até quando vai me suportar? Com as minhas derrotas e meus erros? Você é a filha mais bem-nascida, a segunda filha da minha vida. Você não sabe o que é amar o quanto eu te amo.

Mas também não vai importar muito. Se amanhã eu acordar melhor, vamos nos amar com lágrimas nos olhos, acho que é o mínimo.