esse blog existe porque um dia pensei em como seria a vida de quem mora (ou morou) no hotel chelsea. sempre me seduziu a representação de um espaço que não é a casa de ninguém por definição, apenas um ponto de contato entre trajetórias.
o mundo está cheio de hotéis. simbólicos e reais.
a certeza de que a metáfora do hotel cai bem para as pessoas e para a vida que elas escolhem me fez continuar escrevendo até hoje, fiz desse hotel aqui um depósito de projeções e algumas boas histórias.
para arthur c. clarke, bob dylan ou qualquer mortal como eu, o hotel chelsea não é qualquer hotel. bons pedaços do século 20 aconteceram por lá. seja com as brigas de sid & nancy, dylan thomas morrendo bêbado ou hendrix e kubrick tomando café da manhã. o chelsea sempre significou alguma coisa.
em 2005, quando comecei isso aqui, ainda era possível se hospedar no chelsea. então, escrever foi uma espécie de motivação para um dia passar por lá. ficar uma semana ou só dormir uma noite. pesquisei algumas vezes o preço, nada de absurdo, então achei que com calma a hora chegaria. sei que não parece muito, mas desejava essa experiência.
só que o chelsea mudou.
foi vendido e passa por uma grande reforma. alguns moradores detém o direito vitalício de ocupar parte do chelsea e a briga é constante com os novos donos. acho que a ideia de quem comprou é transformar o hotel em algo parecido com o que virou o bairro inteiro: bonito, limpo e sem sal. passei pelo chelsea em setembro e fiquei com essa impressão. imagino que os antigos moradores hoje lutam contra seus moinhos de vento, já que o hotel e a cidade em que eles viveram não existem mais. o passado é a entidade dos sonhos. e com esse blog também aprendi um pouco sobre isso.
poderia dizer mais algumas boas coisas, só não consigo.
tirei essas três fotos e foi tudo o que vi do hotel chelsea.