quinta-feira, maio 17, 2012

pequeno conto de recomeço

por mais que a semana fosse inundada por uma chuva longa, os sapatos encharcados, a alma perdida aos poucos para o exército de desconhecidos próximos, tudo parecia sempre a mesma coisa. ele pensou que valeria a pena tomar uma café feito em casa, convidar uma estranha, conversar sobre o nada.

- oi, te vi mais cedo, não tinha certeza se era você.

- oi, tudo bem? onde? nessa rua mesmo?

- é, atravessando ali. te vejo muito por aqui, mas nunca tenho certeza.

- é? eu ando muito por aqui, eu acho.

- pra onde você vai agora?

- pra casa... quer ir?

- pra sua casa?

- é.

- sério? não sei... onde você mora?

- copacabana.

- não sei...

- então...

- ai, não sei... o que a gente faria lá?

- sei lá, conversaria, posso comprar uma bebida, posso cozinhar, não tenho nada programado.

- nem eu...

- você sempre usa esse batom vermelho?

- rá... que engraçado. claro que não, né. não é todo dia que a gente usa batom vermelho. por acaso você lembra de me ver assim antes?

- é... não... não sei. hoje eu só presto atenção no hoje.

- mas você nem me encontra tanto. na verdade, nunca me encontra.

- é mesmo... nunca te encontro...

- mas e aí, não vamos à sua casa então...

- não... hoje, vamos hoje. vamos agora.