terça-feira, julho 21, 2009

#1

a luz que agora corta o tecido negro do vestido não mostra todos os detalhes, ela, white album dos beatles, all star sempre branco, pintas nos braços de uma pele na tonalidade exata do sonho, da vertigem, do desejo que me tira da estrada perfeita. é vontade de fugir, de roubar, de ser o estranho de mim mesmo, outro cara, o que perambula pelas ruas vazias na madrugada da zona norte, perdido, pensando em livros de viagem, com vontade de ser abandonado e chorar por toda parte onde ela não esteja, perder a medida, a paciência, telefonar a madrugada toda para o outro lado do atlântico, entender o que nela existe de melhor.

o que pode ser só construído nestes olhos de louco, olhos que adoram enxergar em seu corpo minha própria luxúria, vontade que esmaga o bom senso enquanto quero tocar-lhe os cabelos, no meio do salão escuro daquela noite, fotografia em cor de cinema, querendo que o mundo acabe no hotel perdido da esquina, com tudo que tenho a dizer, os dois bêbados correndo os bares, falando demais e querendo carinho, existindo, antes de qualquer pensamento, antes da culpa, por uma noite ser isso nos bastaria. talvez duas. talvez acabasse em desgosto, sofrimento ou em mágoa. e seria então eterno. o verbo. seria.