segunda-feira, março 02, 2009

nossas melhores roupas #01

ela quer chegar antes das vinte e duas horas em copacabana. patrícia parece resistir ao século vinte um e sobrevivendo sabe se lá de que dinheiro - dos pais, da vida, do seu - consegue transformar-se em luz que ele não entende facilmente. pode ser que não esteja sempre no circo, no baixo, na augusta, em cuba, paris ou no espaço de cinema, mas está ali, sempre no imaginário, nas fotografias que ele assiste de relance no cotidiano carioca, no caderno "ela" que ele compra por acaso, na fotometragem do lula carvalho em qualquer fita mais recente, ela representa alguma coisa no mundo que conspira para um encontro fortuito.

o acaso.

acontece em copacabana, em frente ao bip-bip, vinte e duas horas em ponto, ela atravessando a rua com o vestido azulado e um cigarro entre os dedos, ele comprando os seus cigarros e uma revista na banca de esquina, ela olha, conhece, retrai, não conhece, antecipa, ele admira o cuidado com que os sapatos são limpos, o vestido passado, o sorriso entrecortado, os cabelos loiros de luz natural ou refletores de quando o cinema ainda era foto-exposto, eles cortam, estranham, vão. sentem falta.

seguindo em sentidos opostos.

sem motivo. só intuição.