segunda-feira, setembro 10, 2007

The Killing Moon

A noite vai caindo e estou na grande janela da sala, fumando outro cigarro, enquanto ela coloca o espelho entre o chão e a parede e começa a se maquiar sentada no colchão estendido por ali mesmo, perdida entre almofadas e cobertores de retalhos coloridos. Bebemos e viajamos pela noite anterior, mas o cansaço é leve e não tira o prazer de ter ido dormir já com o sol no céu e ela deitada ali, os olhos enormes como a felicidade de novamente ser um casal que caminha conversando pela madrugada.

Minha mulher usa um vestido negro tão bonito e não consigo deixar de rir quando ela diz que odeia televisão, vou até lá, beijo seu rosto e digo que adoro quando tudo é engraçado assim, quando ficamos em silêncio ali, naquele cômodo gigante, e não importa se vamos a um desfile de moda ou se trocamos a chatice por cerveja e um churrasquinho gostoso, o que vale mesmo a pena é conseguir superar o atropelo dos dias, é saber que passamos pela tempestade e ainda saímos mais fortes. Agora tudo parece novo e o caminho não é óbvio, exatamente como você gosta.

Ela permanece linda, em silêncio, compenetrada na maquiagem e talvez nem imagine a sorte que temos. Vamos em frente, amor, que o mundo ainda vai mudar muito. Pelo menos, eu acredito no máximo que merecemos.