segunda-feira, junho 25, 2007

Patricia, Caio e São Paulo #1

A história de um povo parece paralisada ali, nos olhos caramelo, na camiseta de listras negras cortando a chuva rala da Alameda Lorena às cinco da tarde. Ela espera ansiosa o táxi seguir seu fluxo para continuar a travessia até o outro lado da calçada, os carros passam lentos enquanto Patricia consegue atravessar já com os passos beijando a porta da Cafeteria Suplicy. Ela cortou o cabelo e já não se arrepende.

Caio lê o jornal e toma um café na mesa do canto, o silêncio do lugar é estranho para o horário e para a chuva, talvez por isso ele agora reconheça o som dos sapatos amarelos de Patricia enquanto ela se aproxima de sua cadeira. Durante o beijo ninguém parece temer qualquer problema, preferem apostar na coragem que precisa e parece, definitivamente, os unir. O silêncio ainda continua lá enquanto outro beijo não termina.

Ele é longo. O medo então renasce como ferida antiga e ninguém arriscaria dizer agora o que não pensa realmente.