quarta-feira, abril 04, 2007

A paixão pelo desenho dos olhos árabes.

“Era Ana, era Ana, Pedro, era Ana a minha fome; explodi de repente num momento alto, expelindo num só jato violento meu carnegão maduro e pestilento, era Ana a minha enfermidade.” – (Raduan Nassar)

A chuva das seis da tarde banha lentamente a calçada da Barata Ribeiro nesse sábado de março e ninguém parece se importar que ela lave também nossos corpos enquanto o som do trânsito se mistura com a música que sai do velho sebo amarelado. Bebemos e conversamos, observando pessoas diferentes passarem por nós com suas garrafas de cerveja nas mãos. Esse é o horário onde tudo é maravilhoso e nem as dezenas de pedintes em Copacabana atrapalham a felicidade que esse rito semanal proporciona. Happening em Cinemascope.

Ela aparece vestida por um verde que destoa de todas as outras garotas, seus olhos são os maiores; o cabelo preso mostra a nuca da mulher que me foi traçada como profecia em aramaico, e não consigo parar de olhar para qualquer gesto que ela faça, qualquer movimento leve enquanto fala ao celular ou olha perdida para meus olhos que a perseguem com sede e já não escondem seu foco único.

Os negros olhos árabes.