segunda-feira, março 05, 2007

California Zero Grau

* Trecho do futuro Romance - fragmento: Cláudia e a vida nova.

Filha do mundo e do cinema. Ela me olha sempre assustada, olhos verdes rasgados; vez ou outra parando pra pensar nas coisas que só a PUC ensina. Não tenho força nas mãos para tocar seus seios, Cláudia. Caminho sempre perdido entre suas camisas de seda branca. Quando Cláudia e eu mudamos para Teresópolis o filme ainda era uma criança. Dona Vera nos presenteou com lençóis coloridos. Nosso sexo era novo, ela tão menina me masturbava na sala enquanto conversávamos sobre as cores do quarto do bebê. Eu gostava de tocar piano e de mentir canções para Cláudia. Não desligávamos a televisão nunca.

Não consigo caminhar com as coisas do trabalho. Tenho da melhor comida e bebida, tenho sol que não queima e uma mulher para escrever uma parábola.

Cláudia nasceu filha dos cadernos e das opiniões. Cresceu usando aqueles óculos que sempre odiou, mas era linda, linda. Dona Vera cortava o pão em fatias estranhas para a ceia. Cláudia em uma tarde de criança lia Raduan Nassar para a escola alemã e sentiu vontade de tocar o sexo, a mão de menina procura o que os sentidos imploram. Grandes desenhos. Sei que sua família sempre preferiu que fosse de outra maneira, mas minha menina realmente não liga a mínima. Nunca gostou de fazer nada mesmo, Cláudia é feliz só de prazeres. Acorda e vai com o frio para a piscina, e pede a Lúcia sempre sucos de frutas tropicais. Não usa guardanapos e adora tapetes indianos, já temos tantos que tropeço pela casa. Parece que o tempo parou em 74.

Ela tem pressa... e muita fome.