quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Chuva nas pedras portuguesas.

Rua do Ouvidor. Ele de chapéu do panamá e ela de vestido em tons amarelados. Ele acende o cigarro e começa a contar o sonho estranho que teve na noite passada, enquanto ela observa com o pensamento distante dali, talvez seja só medo da certeza, ela conclui. Os carros passam lentos e o vento lambe a bandeira turca a meio palmo no outro lado da rua. Começa a garoar fino e ele lembra que isso sempre acontece quando estão ali. Ela sorri, ainda perdida na questão.

Serão a finalidade? Ele sente que concluirá quando concluir e pronto, é assim que acontece. O eterno retorno sempre existe para quem pensa no eterno retorno. Ela sente o coração saltar no peito e não sabe para onde o levar. Ele, mais calmo, diz que o caminho não depende da velocidade dos passos, talvez da segurança entre cada um deles. A garota busca na memória algum momento anterior para explicar o agora, não encontra. Decide se levantar, ir embora, mas ainda vacila por acreditar que o abismo só parece fundo em perspectiva.

Ele a segura pela mão e conduz seus passos pelas pedras portuguesas. Ela pensa agora que a certeza, essa sim, virá com o tempo.