Ele entende o que é a rotina aos quarenta. Ela não sabe o que faz aos vinte e quatro anos. As lamentações são longas de um lado, as explicações soltas do outro. Ela diz que é assustador. Ele conta os detalhes de como é se transformar.
A garota observa tudo com os olhos imensos encravados no interlocutor. Os dois são pensamentos separados pelo corpo. Nenhuma palavra é exata para essa situação.
- Será que tudo vai ficar mais fácil?
- Pode ser que fique mais simples, mais fácil eu não sei.
- Você sempre passa por isso?
- Sempre.
Tentam um beijo, mas tudo parece tão distante. O pensamento continua perdido mesmo com o encontro das línguas. Ela quer continuar tentando. Ele apesar da paciência com as revoluções, prefere procurar alguma segurança.