quinta-feira, maio 18, 2006

Walking

O som está alto na sala. A senhora do outro lado da janela passa as roupas com certa delicadeza. Olhando todos os prédios só consigo pensar na dificuldade de mudar hábitos tão antigos que acabam sendo parte do que fui até aqui. A espera de resposta me fez entender bem o que pensa quem está no corredor da morte.

Hoje não li o jornal. Os discos estão um pouco chatos, a velocidade atormenta demais aos ansiosos. Por um momento sinto poder tocar o abismo e não entender sentido algum. Nessa hora escuto um trompete perdido gritando frases sem melodia, frases a esmo. Quem joga uma garrafa ao mar espera resposta?

Não conheço o mundo do lado de lá, só imagino. Vejo gestos leves, imagens de afeto, carinho. Ainda é o mundo de lá. Longe demais da realidade daqui. Penso em pontes. Alguém poderia mostrar uma ponte, um avião, uma forma de comunicação qualquer com a outra metade do sonho?

A carta escrita "Sol" disse prever um encontro. Águas de hemisférios totalmente diferentes formariam o desenho do mar? Talvez ela passe por aqui apressada querendo um beijo de saudade.

Hoje escrevi uma nova canção e ela me disse: Esperança.