quinta-feira, maio 11, 2006

Inverno em Isabela


"talvez não fosse, se fosse mais doce...quem sabe"

Ela é a frase de efeito. O sonho da noite passada. Na hora parecia real, uma vitória de vida real. Lembro de sonhar e sentir a felicidade daquele momento em que acreditei ter certeza de não ser um sonho. Ela sorria exatamente com aquela roupa. A blusa era linda mas o sorriso era mais. Sorriso de fotografia.

Não sei onde mora, duvido de quem anda, esqueço o sobrenome. Pergunto as horas? Compro um disco? Conto uma história? A cada novidade digo o seu nome quando chamo de amor. Vejo na rua, na cama, nas poltronas do Municipal. Faço Terapia? O sol da manhã queimaria melhor. O cigarro na janela seria um samba de trilha sonora.

Quero ser amigo dos amigos. O pai dos filhos. Vejo endereços? Tento telefones? Impaciência no redial. A mesma canção por horas. Talvez nunca chegasse ao fim. Um café aqui na frente. Troquei na letra "Marieta" por "Isabela". Pensei o que inventaria nos finais de semana. A guitarra faria mais sentido, as pessoas fariam muito mais sentido. Escrevo uma carta?

19 e 24. Urca. Carro. Trabalho. Roupas coloridas. Lencóis. Discos. Violão. Sacolas de supermercado. Manteiga. Almoço. Sonhos velhos, calor de Janeiro. Filme de sábado. A mãe ligando. Roupas no varal. Nada de muito novo. Nada de novo.

Fumo outro cigarro?

Quanto antes melhor. Buenos Aires com violinos de segunda fileira. Tédio e garoa fina de maio. Why does it always rain on me? Ela canta um pedaçinho pra passar o tempo. Pensa que talvez seja só pouco tempo. Tento dormir mais cedo? Tudo é só sonho. Não existe lá, só aqui. Ou até existe e ela não acredita. Não sabe talvez.

Queria te contar as horas. Queria voltar pra casa de um dia cansado. De uma sexta-feira de tempo contado. Mostrar as frases bonitas nas passagens de acordes dissonantes. Comprar o pão de qualquer feriado. Jantar o vinho de qualquer quinta-feira igual. Testo a paciência?

Grito o nome? Invento mentiras?

Talvez não seja suficiente.