segunda-feira, maio 26, 2014

o mínimo futuro

apareceu com um cartão que dizia "eu também não sei o que aconteceu" e perguntou se ele podia sair pra conversar e entender que ela ficava louca com toda a impaciência de fingir que não entendeu sobre o que falavam quando decidiu viajar.

foi embora depois de ouvi-lo dizer que se estivesse na mesma cidade pararia o avião.

foi embora depois que o ouviu contar a frase oculta no final do filme:

ninguém vai acreditar. não vamos deixar que isso atrapalhe. 

e o próximo minuto passou inteiro lembrando como se sentia quando imaginava acordar na casa dele, com a música que não esperava, com os lençóis que não conhecia, e sentir que podia acontecer por um ano, até que os filmes fossem assistidos e repetidos, até que acabasse a comida, até que fosse verdade.

foi embora com medo do que falariam.

não os outros.

e ele aceitou caminhar. e ouviu as histórias que ela contava com a voz mais grave do que quando a escuta falando dormindo. dentro do sonho. não disse nada até ter certeza de que não seria pela metade, que ela não sumiria no próximo minuto, deixando que os dois tivessem durado só alguns acasos, um encontro impossível e dois combinados, uma história tão grande que pode durar só o tempo de contar uma verdade. ele só ouviu.

e ela dizia: isso não pode acontecer. agora o que eu faço da vida? você vai me levar com essa roupa mesmo pra casa? e como eu volto depois? e como eu faço depois? e de qual jeito a gente foge de tudo que eu quero que você repita? e como eu conto que fiquei maluca?

e pensou no que diriam se a vida pudesse abrigar um novo casal, como se ainda existisse espaço, e aos amigos conseguissem dizer que aquilo virou uma coisa para lidar rapidamente, que existia e pronto, vamos saindo e não perguntando.

ela queria continuar. ele queria sentir. eles queriam sem conseguir.

e a música no instante anterior ao destino resumia.

i made it to a dinner date
my teardrops seasoned every plate